30 de ago. de 2010

Quando eu crescer

De rachar de tanto rir. Gru lendo para as meninas.


Descobri que sou fã de filmes de animação. Na sala quase vazia de um cinema qualquer em Porto Alegre, peguei-me gargalhando alto e rindo de orelha a orelha com Meu Malvado Favorito”. Não sei se contagiado pela inocência das três meninas órfãs ou pelo sotaque de alemão falsificado do vilão Gru. Não sei, principalmente por se tratar de um filme tão inconstante.

Aliás, a exceção da trilha sonora com “Sweet Home Alabama” do Lynyrd Skynyrd, o desenho não começa bem. Gru é um personagem difícil de assimilar e a trama custa a desenvolver. No entanto, existem cenas no filme que valem o ingresso e a empolgação em relação a obras do genêro. A primeira vez que Gru lê para as meninas dormirem é tão genial quanto a impagável cena da “bola de pêlos” no primeiro Shrek.

[ A cena da aparição do Gato de Botas no primeiro Shrek e a sensacional cena da "bola de pêlos" em espanhol. De cansar as bochechas ]


“Meu Malvado Favorito” pode estar muito aquém à franquias como a do próprio Shrek, Toy Story ou Era do Gelo, mas assim como Up, Altas Aventuras e Wall-E ajuda a fazer do gênero um sucesso de público e crítica e a empregar nerds nos setores de criação de empresas como a Pixar.

Ah, também descobri após deixar a sala de projeção que nunca mais vou dar ouvidos para pessoas amigas que, simplesmente, por preconceito te convencem a não assistir uma animação no cinema. Se o padrão de qualidade se mantiver do jeito que está, podem reservar a pipoca e o refrigerante tamanho família. Não só irei ao cinema, como – quando crescer – vou colecionar essas pequenas jóias do entretenimento pós-moderno



Batata frita

Votar para Presidente é tão importante quanto escolher às 22h30 de um sábado a noite que você vai se esbaldar comendo batatas, fritas por você mesmo




















Era um caso de desejo incontrolável por batata frita, afinal, entre descascar e cortar as batatas em palitinhos e mergulha-las na banha quente, pelo menos uma hora se perderia. Até fritar tudinho, hora e meia, quase duas. Uma loucura em prol da sandice de comer batata frita no conforto do lar e altas horas da noite. O pensamento era um só: batata, batata, batata.

E o cheiro. O aroma. Um pecado. Gula. Como somos fracos. Um simples aroma é capaz de destruir nossas defesas.

- Cadê as batatas? – grita um.

- Não vão ficar prontas nunca? – berra outro.

Brigas podem ocorrer no período entre a decisão de comer batatas fritas, de descascá-las e fritá-las. Famílias podem se dizimar. Amores podem acabar. Amizades podem morrer.

Existem histórias e batatas para todos os gostos. Batatas palito enormes. Quinze, vinte, trinta centímetros. Molho tártaro, molho disso, molho daquilo, com muito, com pouco sal. Ninguém liga para o filme, a novela, o futebol, a propaganda política, só para as batatas. O pensamento é um só: batatas, batatas e mais uma porção de batatas.

Voualá, Enfim prontas. Chega o momento tão esperado. Quase duas horas de relógio esperando por elas. Lá vem a bandeja. O “bandejão”. Mas e ai, elas estão murchas. Nem parece que foram fritas. Eu como, tu comes, ele come, enfim, nós comemos. Ninguém fala, ninguém ousa abrir a boca. É notório, o mesmo pensamento invade nossos cérebros consumidos pela obsessão em comer batata frita:

- Definitivamente, não são iguais as batatas do “méqui”.

De fato não são. Outra rodada, outra mão cheia de batatas. Não são crocantes, não estão durinhas, estão murchas, nati mortas. Mas, não há tempo para reclamar. Não há tempo para nada além de esvaziar o “bandejão”. O vício, a tara, a gula precisa ser exterminada, antes que extermine você.

Acabou. Não sobrou nada, pedra sobre pedra, batata sobre batata. Todas as batatas murchas foram devoradas. Ninguém falou, ninguém reclamou. O filme, esse sim, continuou. Silêncio. Um, dois, três minutos de gelo total e completo, até que, finalmente, alguém resolve se pronunciar:

- Porque elas ficaram tão diferentes das batatas do “méqui”?

Não há respostas. Ninguém quer constranger o fritador. A consciência fala mais alto. Se reclamar, saiba que precisas pelo menos fazer melhor. E se não sabes, fique quieto. Já comeu mesmo. Não são trocados olhares. São desnecessários. Inúteis. O momento pede uma saída pela tangente, mas qual, qual, pela mor do Senhor Ruffles, qual?

- Que filme foi esse mesmo?

Todos amam comer batata frita, independente, de credo, torcida ou região. O mais impressionante é que até quando a fritada falha é gostoso por demais comer batata frita. Se o filme for ruim ou não ser do nosso agrado, não há nada mais convincente que uma generosa porção de batata frita para deixar a projeção menos maçante. No entanto, para o filme que esta prestes a começar é preciso alguns cuidados adicionais antes de iniciar o processo de descasque das batatas.

Lembrem-se: escolhas equivocadas podem fazer com que nos queimemos na banha quente. E mais: Votar para Presidente da República é tão importante quanto escolher às 22h30 de um sábado a noite que você vai se esbaldar comendo batatas, fritas por você mesmo. Outra: há sempre o risco de se escolher um (a) presidente (a) murcho e gorduroso. E mais uma outra: você pode nunca mais querer comer batata frita.



23 de ago. de 2010

Milagreiros de paletó e gravata




Escrever sobre política é incorrer em via espinhosa. Até mesmo os mais tolhidos no tema em algumas ocasiões acabam por tergiversar ao invés de proferir análise apurada dos fatos e personagens que fazem a política de uma localidade. Talvez, pelo fato de na maioria das vezes, a política nestes conglomerados ser feita à custa da falta de informação, ou mesmo, a partir de informações desencontradas que desenham como santos os representantes do povo.  A verdade é que não são. Vereadores e prefeito não são santos, muito menos entidades divinas. São homens e mulheres como todos outros, com os mesmos defeitos e manias. 

Lógica semelhante vale para tratar de deputados, senadores, e claro, do presidente da república. A pseudo superioridade que, em tese, o cargo lhes confere não é condicionante para comparações extraterrenas, ou mesmo para avaliações superficiais. Tanto cá como em qualquer outro lugar, a palavra de ordem é – e sempre será – uma só: democracia. Difícil escapar um pronunciamento em que este substantivo feminino não esteja sorrateiramente enfiado. Faz parte da cartilha. A beatificação não. Se por um lado, político usa paletó, gravata e caneta importada, por outro, não tem asas, nem cabelos loiros cacheados. Fala em democracia. Não faz milagres.

Infelizmente, os políticos ainda são considerados milagreiros. Pois, para muitos Joãos e Marias Brasil a fora, oferecer migalhas e falar bonito é motivo mais que suficiente para subserviência e endeusamento. O modelo clássico de fazer política no país não favorece a reflexão. Fato. Quase sem querer, prefere-se a ignorância à possibilidade de participação efetiva nos mandos e desmandos da governabilidade. Exalta-se a ingenuidade, a imaturidade, a alienação. 

Às vezes, mesmo havendo interesse, não se sabe como se tornar mais atuante no processo político sem dar a entender que no fundo existe um interesse a curto ou médio prazo, afinal, eleições acontecem de tempos em tempos e sempre há a necessidade de se eleger novos representantes. 

Pausa. Play. 

Em se tratando dos dias atuais, não basta observar com desdém o que se passa entre os que usam paletó e gravata e têm em canetas de alto valor sua principal ferramenta de trabalho. Alienar-se politicamente é como acreditar nos milagrosos pronunciamentos de véspera de eleição. É tão incestuoso quanto crer na divindade de quem governa. E para tal, não se pode esquecer, existe uma tênue, porém real linha, entre o endeusamento político e o poder que o cargo público proporciona. 

A fuga do tema pode, a bem da verdade, ser o reflexo de várias tangentes, para bem ou para mal, e acometer, tanto aqueles que têm influência para opinar, oralmente ou de forma escrita, como também, a sociedade como um todo, uma vez a discussão pacífica de ideias ser a forma, embora ancestral, mais saudável para o desenvolvimento in natura de uma sociedade. Opinião e política são elementares na engenharia social de uma comunidade, e por esta razão, indispensáveis para o crescimento e a tomada das decisões que haverão de se eternizar na legislação municipal, estadual ou federal. 

Assim sendo, a reflexão, por mais duvidosa que possa transparecer, é necessária para que haja, por fim, um pingo de entendimento e análise sobre o contexto político em volta. Além do mais, somos seres políticos e parte de uma engrenagem determinante para o futuro e destino coletivo. Por isso, esgueirar-se sob a prerrogativa de nivelar a todos ocupantes de cargos eletivos como sendo, farinha do mesmo saco, além de incorrer em uma das máximas mais abobalhadas do senso comum é eximir-se do direito clássico e natural do exercício da democracia. Ela mesma, tão em evidência, desde sempre entre os políticos daqui e os de lá. Viva este substantivo feminino determinante para a governabilidade de um povo.

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Texto originalmente publicado na edição nº 193 do Jornal Classe A


17 de ago. de 2010

Pés

[ Foto: @antonroos79 / terça-feira pode ser um bom dia para se usar uma sandália ]

O fim do JB e a "invenção da leitura"

Para não deixar o blog sem novidades, segue abaixo artigo escrito para a edição nº 198 do Jornal Classe A


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A imprensa de papel como um todo, em especial a dos jornais, há muito anda em polvorosa com a perda de leitores. As grandes corporações digladiam-se em busca de uma solução frente o expressivo avanço da comunicação via internet. Na EUA e Europa, nomes consagrados como New York Times e Le Monde investem em projetos alternativos e novos planos de negócios para manter na ativa as redações de papel. O fraco rendimento nas bancas aliado aos desencontros legislativos em relação a – pseudo – liberdade promovida na web, são apenas alguns dos nós que a velha imprensa tenta desatar.

Em meio a este cenário, migrar para o universo cibernético virou regra, sob risco de extinção. No Brasil o mais recente caso, envolvendo grandes jornais e o dilema do universo online, deu-se com o Jornal do Brasil, popularmente conhecido como JB. No último dia 14 de julho um anúncio de página dupla anunciou, de forma oficial, que a partir de 1º de setembro, o JB só seria encontrado em versão online. “O JB vai sair do papel. E entrar na modernidade”, dizia a manchete. E mais: o formato do jornal será compatível com e-readers como iPad e Kindle e a assinatura mensal será de R$ 9,90.

Kindle
Um rápido parêntese. (A discussão e tentativa de popularização de leitores virtuais (e-readers) é constante nos grandes centros e claro, nos países desenvolvidos e onde a tecnologia de informação consegue se desenvolver melhor, em muito, devido a qualidade de acesso a internet, o que por ora, não é o caso da região oeste. O mesmo pode ser dito em relação aos aparelhos do tipo iPad e Kindle, este último, inclusive, já foi testado pelo jornal Zero Hora de Porto Alegre, sem muito sucesso).

De acordo com dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ), em 2009, circulação diária de jornais pagos no país foi de 8,193 milhões, recuo de 3,46% em relação a 2008, quando a circulação crescera 5%. No blog do jornalista Ricardo Noblat, em artigo publicado na véspera do anúncio do fim da versão impressa do JB, o Diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Ricardo Pedreira, lamentou o fim formato papel do jornal. Em contra partida, Pedreira fez questão de frisar que este é um caso isolado e que aposta no crescimento da circulação dos jornais no país este ano. Em suma, o representante da ANJ mantém vivas as esperanças em um aumento no número de leitores, pois só assim para sua previsão se concretizar.

Enquanto isso, talvez o artigo publicado no Observatório de Imprensa na última terça-feira, 3, sirva como alerta para que outros jornalões brasileiros não sigam o mesmo caminho do JB. Na França, uma editora está conseguindo refrescar o mercado de jornais de papel com títulos dirigidos a crianças e jovens. Em cinco anos, a editora La Play Bac emplacou três títulos de diários entre a molecada. As publicações mantém uma média estável de 150 mil assinantes em toda a França. Le Petit Quotidien (O Pequeno Diário), dirigido a crianças de até dez anos, Mon Quotidien (Meu Diário), para crianças e adolescentes entre dez e 14 anos, e L´Actu (derivativo de "últimas notícias"), com público-alvo entre 14 e 18, são jornais compactos, de quatro a oito páginas, com muitas imagens coloridas e assuntos de interesse de seus públicos específicos.



O que mais intriga? Os donos da editora consideram que o segredo do sucesso tem sido publicar notícias para crianças e adolescentes, em vez de tentar explicar o noticiário de adultos para crianças. Além disso, os jornais para os pimpolhos são feitos para serem lidos em dez minutos e funcionam como parte do esforço de educação das famílias. Cada assinatura custa o equivalente a 20 por mês, a empresa fatura 18 milhões de euros por ano e 10% dos lucros vêm dos anúncios. Se comparados aos suplementos infantis e juvenis dos jornais brasileiros, os diários para meninos e adolescentes na França oferecem muito mais do que as reportagens sobre comportamento, jogos eletrônicos e bandas de música que enchem o Estadinho, Folhinha e Globinho. Quando perguntado se os leitores infantis vão migrar para os jornais de adultos quando crescerem, o diretor da editora francesa foi direto. "Não, se os jornais de adultos não derem a eles o mesmo prazer de leitura".

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Links interessantes

Quer saber mais sobre o Kindle, clica aqui




13 de ago. de 2010

A invasão das máquinas

Nas primeiras décadas do século passado calçar um bom sapato para um homem no auge dos 20 ou 30 anos era sinônimo de status e razão para chiliques femininos. Um homem usando um sapato minuciosamente engraxado era um partido e tanto. O cabelo engomadinho, o terno bem passado e um trabalho honesto nas indústrias da época, o algo mais para as moçoilas deixarem a vida de solteiras e encalhadas. A vida nos primevos dias do século XX podia ser resumida da seguinte forma: um homem precisava de um bom sapato; as mulheres, de um homem calçado com um bom sapato.

Os tempos mudaram. E muito.

Henry Ford e o Modelo T  em 1921
Naqueles dias o americano Henry Ford inventou a produção em série. Pras coxias se Ford usava um bom sapato. Ford pensava a frente do seu tempo. Certa vez, eternizou: “economia, freqüentemente não tem relação com o total de dinheiro gasto, mas com a sabedoria empregada ao gastá-lo”. Era um visionário. Inteligente, esperto e fugaz. Percebeu que era mais barato e rápido produzir um modelo de automóvel padronizado. 

Foi o que fez. 

Acertou na mosca. 

Criou o fordismo e em contrapartida tudo que conhecemos hoje em termos de produção automobilística. De acordo com o sistema fordiano de produção, o automóvel passava por uma esteira de montagem em movimento e os operários colocavam as peças. A montagem de um carro durava em média 98 minutos. Ford fez escola. Outros o imitaram. Produzir em larga escala se tornou obsessão. Ter um automóvel também. Os sapatos bem engraxados ficaram em segundo plano. Ter um carro não.

Dizer que Henry Ford, portanto, é co-responsável pelo caos que temos hoje no trânsito no gentílico Mimoso e também lá nos grandes centros urbanos como São Paulo e Brasília não é uma blasfêmia. Não fosse seu brilhante espírito empreendedor, talvez, não teríamos tantos carros trafegando por aí, abarrotando nossas ruas e transformando seus condutores em ilhotas irracionais e agressivas pensando ser piloto de Fórmula Um. Culpar o pobre Ford, a propósito, é cavar a própria sepultura. Ford não é culpado, afinal, não lhe competia trabalhar para melhorar as condições de trafego das estradas ou mesmo construí-las para que seus carros pudessem ganhar o mundo. Também não competia a ele determinar as regras para que os automóveis fossem vendidos. Ford queria vendê-los. E isto conseguiu.

O trânsito é um problema dos nossos tempos. Não dos tempos de Ford. Portanto, cabe a nós, e tão somente a nós, encontrar alternativas para amenizar o impacto de tantos automóveis trafegando ao mesmo tempo e nos mesmos horários. Se existem culpados para o caos e a desordem instauradas no trânsito daqui e de lá, estes culpados somos eu, você, o caminhoneiro, o motociclista, o vereador, o prefeito, o governador e assim por diante. Seres humanos, falhos, ditos racionais, capitalistas e individualistas. Sim, pois dentro de um automóvel, o homo sapiens como alertava já nos anos oitenta a letra dos Titãs se transforma e aí é “cada um por si e Deus contra todos”.

Certa vez escrevi que um homem bem calçado pode tudo. Poderá muito mais se dirigir um carro e este for seu. Esta é a máxima do pós modernismo. Ser proprietário de um carro veloz e moderno. Um par de sapatos simboliza (va) a emancipação masculina. Independência, poder, dinheiro e claro, mulheres. É para isso que os homens trabalham tanto. Para ter independência, poder, dinheiro e mulheres, muitas mulheres, quanto mais melhor. Mas para que essa combinação seja alcançada precisa-se irrefutavelmente de um automóvel. Se Ford estivesse entre nós, quiçá, não repetisse uma de suas frases: "obstáculos são aqueles perigos que você vê quando tira os olhos de seu objetivo." 

Pois hoje, sobram obstáculos e faltam objetivos para solucionar a problemática do trânsito. A relação homem e automóvel continuará tão caliente quanto a paixão do brasileiro por futebol, pois,  a vida depois da primeira década do século XXI pode ser resumida assim: um homem precisa de um carro; a mulher, bom, a mulher também.



Quanto mais se usa, mais se quer

Ah, esta devassa que nos suga todas as forças!

A internet conseguiu mudar a rotina dos seres humanos. O brasileiro, por exemplo, adora a grande rede. Tornou-se um viciado, ainda que negue – até a morte – a dependência. É o que mais tempo passa conectado em todo mundo.

A média do brasileiro é de 45 horas/mês, enquanto no Reino Unido a média é de 43 horas e os Estados Unidos, 41 horas/mês.

A propósito, a internet é como um fruto proibido. Um pecado carnal. Quando mais se usa, mais se quer. Talvez, resida aí, a explicação para o brasileiro gostar tanto de estar/permanecer online.

A tal da internet parece conhecer de cor e salteado, todos os atalhos para seduzir/convencer/persuadir aquele que uma única vez com ela se deixa levar. Sites de relacionamento como orkut e aplicativos de conversação instantânea como MSN, ajudam a transformar o brasileiro no campeão em tempo de permanência online.


O fato é que uma vez abduzido pelos encantos da grande rede, o pobre mortal, que até ontem andava plenamente satisfeito com a televisão e o radinho de pilha, quer sempre mais e mais. O “Q” da questão é como administrar o tempo online sem perder tempo com bobagens?


12 de ago. de 2010

Convite negado

Esta manhã tive de negar um convite. Não tive alternativa. Em 2006, assisti a finais da Taça Libertadores que consagrou o Sport Club Internacional como campeão, quase que somando coro com este amigo que hoje também reside na capital gaúcha. Não me arrependo, embora jamais tenha ameaçado torcer novamente pelo colorado.

O coração é tricolor.

Sem ter conseguido ingresso para assistir in loco a partida decisiva contra o paraguaio Chivas, na próxima quarta-feira, o amigo colorado me convidou para acompanhar a final em um boteco qualquer da cidade baixa. Recusei.

O coração é insistente, e vai continuar a saga do sofrimento.

A que ponto chegamos.
Minha prima, também colorada, que estava totalmente por fora dos acontecimentos vermelhos, até tentou me convencer que eu seria bem aceito como torcedor colorado.

- Não, obrigado.

A única explicação razoável que encontro é que ela desconhece o que significa amar um clube. Sou e serei sempre apaixonado pelo Grêmio, ainda que este, por ora, esteja residindo no fundo do poço. As lembranças do bi da América, quinze anos atrás são para sempre, assim como, para o apaixonado torcedor colorado as lembranças do bi na próxima quarta-feira, também serão.



Dois anos

Foto encontrada no blog Manas e Desenhos, crédito Inês

Hoje o impressões completa dois anos de atividade. Motivo mais que suficiente, para dedicar um post exclusivo para a ocasião. Infelizmente, o blog não tem condições de sortear brindes ou jantares ou viagens para seu público leitor. Se é que existe um.

Então, não lembra qual foi o primeiro post publicado aqui. Então toma.


10 de ago. de 2010

Um sapo em copo de leite

[ Encare o texto a seguir - se possível for - como um micro conto ]

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Acredite. Há um sapo dentro deste copo
Era pior quando elas se escondiam debaixo dos cômodos, das cadeiras ao redor da mesa de jantar, ou apareciam de repente nas paredes da sala ou do quarto. Morria de medo.

Certo dia cheguei em casa apertado para usar o sanitário. Corri para o banheiro a fim de aliviar minhas agruras. Lembro com perfeição do branco do vaso. Levantei a tampa com pressa, e já arriando as calças levei um susto ao me defrontar com uma rã me encarando lá dentro. Por pouco não tropecei e cai no piso gelado. Apenas tive tempo de fechar a tampa. A reação foi imediata. Dei descarga. Torci para que a força da água levasse embora o pequeno sapinho e me livrasse daquele tormento. Nada. Ele continuava lá, mais molhadinho, esperando algum movimento brusco. Algo que o fizesse pular, e caso o fizesse, era em mim que repousaria. 

A cena não me saiu mais da cabeça: um sapo em um copo de leite. Uma metáfora. Como tantas outras, tantas outras.

***


Da sessão achados e perdidos. Texto originalmente escrito em meados de 2008.







Desligue o cérebro e divirta-se

Imagem promocional do filme, lançado ano passado
Existem filmes que causam uma expectativa além do normal, seja pela divulgação/promoção massiva ou ainda pelo tema que evocam. 2012 é o caso típico de um filme que une esses dois paralelos, porém, com um agravante: a temática “final dos tempos”.


O longa metragem, lançado em 2009, aproveita o recente frenesi em torno do calendário maia e o suposto período de transição que o planeta vai passar em 21 de dezembro de 2012 para fazer dinheiro. Estrelado por Jhon Cusak, 2012 é um caça-níquel, com todos os ingredientes para cair no gosto popular.

Um filme tão medíocre quanto Independence Day ou O dia depois de amanhã (não por acaso, o diretor é o mesmo nos três casos), mas que aposta nos efeitos especiais e na adrenalina constante para cativar seu público. Um filme que ignora o bom senso e a capacidade das pessoas de pensarem, afinal, certas coisas que se passam no filme são bizarramente impossíveis de acontecer e em alguns momentos tornam a projeção deveras irritante.

Em suma, como, bem disse meu advogado particular e amigo nas horas vagas, um filme ideal para se desligar o cérebro e se divertir, ou, tentar se divertir. Eu por mais que tenha tentado, não obtive sucesso. Tanto que ao final, 2012 ganhou o troféu abacaxi.

Se você quer mesmo se divertir no cinema e ainda sair da sala de projeção com a pulga atrás da orelha, então, assista A Origem, com o Leonardo DiCapprio que acabou de chegar as telonas brasileiras e é muito bom.  O pião cai ou não cai?



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Esta por fora do que pode acontecer em 2012? Então acesse esse sitiozinho aqui. Talvez ajude.




7 de ago. de 2010

A arte de cozinhar, em preto e branco

[ Homenagem aos que arriscam na cozinha e vez ou outra cometem verdadeiras delícias ]
Crédito das imagens: @antonroos79






3 de ago. de 2010

Depois dos 30

Agora a pouco, em rápida conversa com minha prima, lembrei de um fato ocorrido recentemente, mas que tem me deixado com a pulga atrás da orelha. Recordava-me ela, que seu primogênito completa, hoje, oito anos de idade. Falou sobre o passar do tempo o crescimento da família e o “depois dos 30”.

Chegar às três décadas de vida tem seus prós e seus contras. Isso é fato. Não farei deste post uma lista do que é bom e nem tão bom em se ter 30 anos. Os que já chegaram lá, sabem muito bem o que é e o que não é. Ponto. Os que não tiveram o "prazer" ainda, aguardem, pois seu momento vai chegar.

No entanto, há um ponto que todo ser humano quando passa dos 30 deve se atentar. Melhor: um verbo que todo trintão precisa conjugar com maestria para não incorrer em momentos de queda, às vezes brusca, da auto-estima.

Escolher.

Exatamente. O homem ou mulher quando chega aos 30 precisa escolher melhor o que faz. Precisa ter cuidado redobrado, afinal, toda escolha é decisiva e praticamente não há brecha para erros. É preciso máxima atenção ao escolher entre comer um bolo de chocolate e um sanduíche natural, entre gastar com o ingresso para assistir um show do Rush na área vip ou usar o dinheiro para arcar com parte das compras do mês.

E ainda mais importante, é imprescindível se pensar muito bem antes de escolher o lugar dos seus happy hours ou de suas noitadas Todo cuidado é pouco, caso contrário, é possível que você entre de gaiato e acabe com o troféu tiozão (ou tiazona) da festa.

Ah, é possível que “depois dos 30”, você já tenha compromissos familiares, filhos e etc. Nesse caso, o verbo escolher é ainda mais determinante. Por ora, não é meu caso.


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[Segue um trecho do hilário episódio de Friends em que a Rachel completa 30 anos e alguns personagems rememoram o dia em que também completaram 30 anos. A cena da embriaguez de Mônica é impagávelmente ainda mais engraçada com as legendas em espanhol. Confira abaixo.]





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2 de ago. de 2010

Insignificâncias

A minha volta um amontoado de papel. Uns em branco outros não. Uns importantes, outros nem tanto. Só esperam minha boa vontade.

- Dariam uma boa fogueira, penso.

Uma garota grávida trabalha diante de um computador. Amanhã ou depois o bebê já terá nascido e ela não estará mais diante do computador fingindo que trabalha. A cadeira dela não é nada confortável. Não sei como agüenta passar tanto tempo sentada, ainda mais carregando uma nova vida dentro dela.

- Porque simplesmente não vai embora, penso.

O ar condicionado faz um barulho insuportavelmente chato, mas ameniza o calor. Menos mal. Atrevo-me a dizer que faz um tiquinho de frio. 

Atrás de uma divisória outra mulher fala sem parar ao telefone.

Se fosse contar quantas vezes ela atende o aparelho ou pede chamadas, encheria algumas dezenas de algarismos. Pra completar, a lixeira está abarrotada com copos plásticos, todos sujos de café. Um mal necessário e condenável, prejudicial ao organismo e ao meio ambiente.

- Para! A maioria destes copos foi tu que largou ali, penso.

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