
Nem suspeitam os caninos, que ao lado passam pessoas a carregar nas costas um piano de calda de problemas. Pior, existem pessoas que não tem quem cuide delas. Pessoas e seus dias ruins. Porque no mundo dos homens, existem dias, e dias.
Alguns anos atrás, Michael Douglas interpretou uma pessoa que vivera seu dia de fúria. Mostrava o quanto estamos fadados a nos influenciar facilmente e nos abatermos pelos problemas que temos. No filme, Douglas externava todas suas mazelas contra tudo e todos, como um desabafo contra o mundo minimalista que vivemos.

Um estudante de medicina de São Paulo está preso, justamente por fazer do seu dia ruim o calvário de outras três pessoas. Isso sem contar as famílias. O propenso estudante, simplesmente entrou em uma sala de cinema, e disparou contra o público. Vivia um dia ruim? É possível, entretanto, o seu dia ruim, o levou a cadeia e ceifou seus anseios de se tornar médico. Três pessoas morreram enquanto procuravam se divertir assistindo a um filme no cinema. Quem explica?
É impossível prever o que será do dia de amanhã. Que pé terá o prazer – ou não – de tocar o chão primeiro. Que cara e espírito receberá os primeiros sinais do novo dia. Todavia, a certeza que paira no ar, é que por mais que vivamos um dia ruim, ainda assim, vamos olhar nos olhos das pessoas e dizer “Bom dia”, e quando perguntados sobre como estamos, vamos ser ainda mais mentirosos em dizer que “estamos bem, obrigado”.
Nem sempre se está bem. E isso, garanto, não é privilégio somente dos seres humanos. Lembram dos cachorros que brincavam? Amanhã eles não vão olhar na fuça um do outro. É a vida. Existem dias, e dias.
Texto originalmente publicado no Blog do Barba e no Jornal O Imparcial de Luis Eduardo Magalhães/BA.
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