22 de set. de 2008

Ir ou ficar, eis a questão.

Não faz muito tempo passei por gringo na rodoviária de Brasília. O acusador em tom autoritário por pouco não partiu para a agressão sem que ao menos soubesse minha real procedência. Em nenhum momento culpei aquele homem. Não conheço a história de vida dele, muito menos o que os gringos possam ter feito para que ele tivesse tanta ojeriza para com estrangeiros.

Recentemente, tive duas novas experiências, embora sem a conotação agressiva da primeira, bem semelhantes entre si. Passei por estrangeiro no calçadão da praia de Ponta Negra em Natal/RN. E posteriormente, fui confundido com um holandês na mesma capital potiguar. Não bastasse possuir um nome nada usual em se tratando de terra brasilis, carrego traços na pele e na aparência que de fato, podem confundir ou fazer com que seja confundido com um cidadão estrangeiro.

Debandar em busca de novas experiências e principalmente melhores condições de vida fora do país se tornou algo comum nos dias de hoje. Cresce a procura e a esperança de brasileiros em conquistar independência financeira vivendo na Europa, nos EUA, no Japão ou seja lá onde. Entretanto, parece-me claro que somos – nós, brasileiros – tratados segundo um regime quase escravocrata quando lá chegamos.

Quem possui qualificação profissional e graduação nem sempre consegue oportunidades condizentes no mercado de trabalho deles. Acaba se enveredando e tendo de aceitar trabalhos muito aquém suas qualificações. Por outro lado, os aventureiros, e na maioria das vezes ainda jovens entre 18 e 23 anos, quando vão, acabam por entrar numa espiral sem saída.

Inconscientemente, não se dão conta do que estão fazendo e em poucos meses já não sabem as razões daquilo que estão fazendo. Ficam e sem que percebam permanecem, muitas vezes infelizes e sem que consigam voltar. Em contrapartida, aqueles que ficam mantém uma relação de quase adoração para com esses desbravadores de “terras inimigas”, como se esperassem oportunidade semelhante para ganhar a vida e deixar o país.

Assim, quem está lá se reconhece o maior dos patriotas. Jura amores ao país de origem e promete um dia voltar, nem que seja para passeio. Os de cá, pelo contrário, rogam pragas ao país verde amarelo, como se o paraíso estivesse nas Londres, Parises, Nova Yorkes da vida. É apenas uma das provas cabais que atesta: brasileiro não sabe – e nuca vai saber – o que realmente quer.

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