9 de set. de 2008

Auto-avaliação em tempo integral


Eventos como o INTERCOM existem aos montes nas entranhas de todos cursos de nível superior pelo Brasil. Reúnem estudantes, professores, pesquisadores, profissionais. Além de integrar em um único local, culturas das mais variadas regiões. Oportunidade viva para discussão, contato, aperfeiçoamento e principalmente auto-avaliação.

É isso mesmo: auto-avaliação. No campo onde comunicar é objeto central de estudo, um fenômeno intriga este reles blogueiro: o narcisismo que assola a maioria dos jornalistas e estudantes de jornalismo. A história é velha. Enquanto uns pensam que são Deus, o profissional jornalista tem certeza.

Quando se ouve isso nos primeiros e cambaleantes passos na acadêmia, a aura que nos envolve ainda é feita de uma casca romântica, a qual se avalia como intransponível. Nem mesmo as teorias desmoralizantes sobre o futuro da profissão conseguem abalar a pureza do
“potencial” jornalista.



Cabem as quedas, os tapas, as lágrimas, as portas fechadas, a falta de oportunidade de fazer valer os ditames nobres e sociais da profissão a tarefa de destruir pouco a pouco o antes amanteigado coração do estudante. Como por osmose, a manteiga se transforma num objeto pedregoso e muitas vezes sem perspectivas.

Conhecem-se trabalhos, formas e maneiras de lapidar o futuro jornalista. Adaptações de um mais do mesmo muitas vezes distante das madrugadas de estudo do garoto ou garota que sonha trabalhar na Rede Globo. Por fim, percebe-se que a faculdade não te proporciona nem um punhadinho de areia na imensidão formadora desta praia de possibilidades chamada JORNALISMO.


Ou se corre por fora, ou se estanca num universo 2x2. Vazio, escuro, e cheio como o inferno já está a muito. Boas intenções não bastam. Esperar dos professores fórmulas mágicas para o trabalho de campo é cair num abismo sem volta. Ainda pior, é se auto-afirmar um Deus da verdade absoluta, quando não se conhece nem os atalhos para o próprio umbigo. “Auto-avaliação”. Anotem isso naquela velha caderneta de contatos. Reflitam, antes que a primeira champanhe anuncie o novo ano.

Um comentário:

rs8 disse...

é isso o que me assusta. o deusismo repassado por alguns "mestres" já não de hoje. humildade é algo tão perto quanto a Lua.