8 de nov. de 2010

Paul

Paul arriscou frases em português. Deu boa noite aos "gaúchos" e ajudou no coro de "Ah, eu sou gaúcho"


Quando Paul McCartney se despediu pela última vez do público gaúcho, no final da noite do domingo, 7 de novembro, precisei de cinco minutos para respirar. Queria guardar o momento. Imortaliza-lo. Faltava pouco para a meia noite.

Sentado em uma das cadeiras do anel superior do Beira Rio, deixei-me observar a viagem dos papéis picados largados ao vento depois de encerrado o espetáculo. Sorri. A ficha ainda precisava cair: “eu assisti o show de um beatle”, pensava alto.

Ainda que nunca tenha sido um fã ardoroso dos Beatles, aprendi a apreciar e, principalmente, respeitar a obra que Paul e os demais garotos de Liverpool produziram em sua meteórica carreira. Não fosse a chance que dei para sua música, talvez não soubesse, ou mesmo tivesse dificuldade em compreender que a obra de John, Paul, George e Ringo está um patamar acima de tudo o que foi criado a partir do momento em que as sonoridades de guitarra, contrabaixo, bateria e vocal foram unidas para o bem comum.

Os quatro garotos de Liverpool, Inglaterra
que mudaram a história do Rock. Foto de 1962

 Testemunhar, in loco, em meio a uma multidão de mais de 50 mil pessoas a interpretação de canções atemporais como “The Long and Winding Road”, “Eleanor Rigby” e “Day Tripper”, por exemplo, torna auto-suficiente a constatação: Os Beatles são muito mais que uma banda de rock.

Repetir que eles foram a banda mais influente da história, depois de assistir Paul dedicar em claro e bom português, canções para os amigos John (“Here Today”) e George (“Something”, uma das melhores de todo show) é chover no molhado, e soa tão inadequado quanto tentar explicar que razões fazem com que milhares de pessoas, entre jovens recém iniciados em discos como Abbey Road ou Revolver, ou mesmo senhores e senhoras acima dos 50 anos enfrentem o calor e o sol de meia tarde em filas mal organizadas e estafantes.

A propósito, a lógica é simples. Bastou uma primeira frase dita em português e a execução de “All My Loving” para que toda a maratona de um dia ou mais diante dos portões do Beira Rio fizesse sentido. Impossível não se emocionar com o talento e o carisma de sir Paul McCartney. Paul é único. Uma entidade da música e da arte contemporânea. Uma lenda que está viva e presenteando platéias ao redor do globo com momentos ímpares como os da noite de 7 de novembro.

O show de Paul teve mais. Teve “Ob-la-di, Ob-la-da”, pela primeira vez tocada no Brasil. Por fim, o espetáculo acabou por se transformar em uma aula de amor a vida e a música. O encontro tardio do ídolo com os fãs, hoje acima dos 50 anos. Fãs que dançaram e não tiveram vergonha em enxugar os olhos lacrimejantes quando Paul sentou ao piano para cantar “Let it be” e “Hey jude”. O show deste 7 de novembro é também o sonho daqueles que aprenderam desde o berço, ou mesmo, foram concebidos ao som de um dos inúmeros sucessos criados pelo grupo. O show, como não poderia deixar de ser, é uma explosão de sentidos, como em “Live and let die”. Um clássico, um hino, uma obra de arte. Uma música que somada a outras como “Blackbird”, “Band on the run” e “Helter Skelter” me fez pensar:

- Será que algum dia verei um show maior que esse.

Difícil, muito difícil.   



3 comentários:

Anônimo disse...

Bicho!!! Demais...!!!

Claudio Foleto disse...

Valeu Alemão... sabia que tu não ia perder. Falei ontem com o Bruno, sobre o Paul e Vc hahah. Jogue duro. Estou na correria da conclusão do TCC. Abraço Anton.


Claudio Foleto

AzimutE disse...

Parabéns pela conquista!
Fico aqui na lembrança de algo semelhante: o dia que assisti Legião Urbana em Salvador.

Sds,

Sivaldo Reis.