9 de nov. de 2010

O dia que vi o Rush – Parte 1 [a chuva e o atraso]

Sair de Porto Alegre pela manhã para assistir ao show a noite. Eis o objetivo


Quando amanheceu em Porto Alegre naquela sexta-feira, 8 de outubro, chovia. Nem bem saltei do colchão, olhei com ar de incredulidade pela veneziana da cozinha afim, tão somente, de constatar com que intensidade a água se derramava dos céus.

Pela primeira vez, temi o pior.

Dentro em pouco rumaria para o Aeroporto Salgado Filho a fim de embarcar para São Paulo e a noite, depois de tantos anos de espera assistir a um show do Rush.

Em 2010, o trio canadense fez sua segunda passagem pelo Brasil. A primeira em 2002, rendeu um DVD gravado no Rio.

Aquela altura de manhã, sem mesmo ter lavado o rosto depois de uma longa noite em que mais tentei dormir do que o contrário, não interessava se minha chegada em São Paulo fosse atrasar. O que me angustiava era a possibilidade de encontrar o aeroporto, em Porto Alegre, fechado para pousos e decolagens ou, ainda, ter de engolir em seco uma notícia trágica, como a do cancelamento do meu voo.

Em vão, tentei não alimentar esta possibilidade.

A chuva continuava a cair e eu precisava dar um jeito de chegar ao aeroporto sem estar encharcado, uma vez, a ideia era levar o mínimo possível de roupas e acessórios, ir direto para o Morumbi e só pensar em descanso depois que Geedy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart deixassem em definitivo o palco àquela noite.

Sem opção, tive de arrumar um lugar para um guarda-chuva na minha pequena e básica mochila. A chuva ainda caia, mas com menos intensidade. Em cinco minutos e já na parada de ônibus torcia para que o voo não tivesse maiores atrasos. Não conseguia desligar a ideia de que algum evento aquém minha vontade pudesse impedir a realização do sonho de ver o Rush em ação.

Os minutos que se sucederam foram os mais longos possíveis. Já sem chuva, atravessei a parada de ônibus em frente ao Pepsi on Stage até o hangar superior do aeroporto, ciente que o guarda-chuva que trazia na mochila não seria mais usado até meu retorno à Porto Alegre.

Esbocei um sorriso, afinal, em poucas horas estaria na pista do Morumbi vendo a banda que mais amo no mundo. Encontrar outras pessoas com camisetas do Rush indo de lado à outro do saguão de check in não foi tarefa das mais difíceis. A impressão que tive foi de que todos os fãs do Rush do Rio Grande do Sul estavam ali.

Chegado o meu momento de fazer o check in tive a primeira confirmação de que o dia seria longo e realizar este sonho, particularmente, algo para se contar por gerações. A aeronave que faria o voo, Porto Alegre/São Paulo encontrava-se, a menos de 40 minutos do horário previsto para a decolagem no Aeroporto de Guarulhos aguardando liberação para vir até Porto Alegre e só então realizar a viagem. A previsão otimista da atendente da companhia aérea era de um atraso de aproximadamente 1h30min. Na melhor das hipóteses, chegaria em São Paulo perto de 14h, duas horas depois de esperado.

Como não sou dotado de poderes especiais, muito menos tenho a fórmula para me transportar de um lugar para outro pelo poder infinito de minha mente, tive, a contragosto, de esperar. Em pouco, a hora e meia anunciada pela atendente se transformou em duas e logo em TRÊS longas horas de atraso. As 13h quando já era para estar em solo paulista ainda aguardava a liberação para embarque, fato que só aconteceu, quase uma hora depois.

O parceiro de show, conhecido no saguão do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre.

Nesse meio tempo, conheci o Tiago, de Criciúma/SC, que também tinha como destino em São Paulo, o Estádio do Morumbi e o show do Rush. Conversa vai, conversa vem, resolvemos, tão logo, chegássemos a Guarulhos irmos juntos para o estádio. O motivo: gastar o mínimo de grana possível. 

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