9 de nov. de 2010

O dia que vi o Rush – Parte 2 [a odisséia]

Entre embarque e a decolagem, passava de 15h15min, quando enfim, a aeronave começou a sobrevoar Porto Alegre rumo à São Paulo. A boa notícia, pensando da forma mais otimista possível, é que na pior das hipóteses, antes das 17h, estaria em São Paulo, logo, na cidade em que os canadenses se apresentariam naquela noite. Ou seja, a probabilidade de perder o show, foi reduzido a zero. Ver o Rush era questão de horas.

Neófitos na maior cidade do Brasil, começamos, eu e Tiago, uma peregrinação em busca do método mais rápido e barato de chegar ao Morumbi: metrô. Para se ter uma ideia, o serviço de táxi do Aeroporto de Guarulhos até o Estádio do Morumbi custa R$ 141 reais, ou seja, para duas pessoas, de bermuda, camiseta, boné e um show para assistir (cujo ingresso já havia custado R$ 150 reais) estava fora de cogitação.


Para chegar até a estação de metrô mais próxima, no entanto, precisamos embarcar em um ônibus rumo a Tatuapé. A viagem, de cerca de meia hora, nos fez pensar nas possibilidades. Contando com a sorte, poderíamos chegar ao estádio antes das 18h. Não podíamos errar, muito menos, bancar os manés na grande metrópole. Era chegar na Estação Tatuapé e em poucos minutos já estar dentro do metrô e assim por diante. Sem falhas.

No meu caso, havia um outro problema. Comprei o ingresso com a opção de retirada na bilheteria, ou seja, precisava chegar ao estádio e encontrar a bilheteria que estava realizando este serviço. Depois de tudo que já se passara aquele dia, optei pela precaução.

Alex Lifeson (guitarra), Neil Peart (bateria) e Geedy Lee (baixo e vocal)
- Só acredito que vou ver o Rush quando estiver dentro do Morumbi, disse.

Na Estação Tatuapé, um susto. Centenas de pessoas caminhando sem parar como se estivessem sempre atrasadas. A alternativa lógica foi pedir informação para um guarda.

- Quero chegar no Morumbi. Como é que eu faço?, perguntei.

Depois de pensar por alguns segundos, o guarda me traçou um roteiro, que segundo ele, nos deixaria na porta do estádio.

- Pegue o metrô até Anhangabaú, desça e vá em direção a Rua (não lembro o nome da dita). Ai é só pegar um ônibus via Morumbi.

A orientação pareceu fácil. O porém é que antes mesmo de comprar o bilhete do metrô, já havia esquecido o nome da rua dita pelo guarda. Pensei que o mais lógico seria chegar até lá e partir para um novo recomeço. Em Anhangabaú decidiríamos como continuar o trajeto até o Morumbi.

Por instinto, tão logo descemos na estação, achei conveniente seguir a multidão. Não demorou para o Tiago me perguntar:

- Tu sabe pra onde a gente ta indo.

- Não, mas já vamos descobrir, respondi.

Quando chegamos à saída, a sorte pareceu, enfim, sorrir para nós. Avistamos uma camiseta do Rush. O ser que a vestia conversava com um taxista. Corremos para não perde-lo de vista. O homem da camiseta do Rush, aparentemente desistiu do táxi e começou a descer por outro caminho. Contornamos a saída o mais rápido possível e gritamos:

- Ei, ei, do RUSH.

O homem e a camiseta do Rush parou. Virou para nós e ao ver que eu também vestia uma camiseta da banda, se mostrou convidativo. Após um diálogo rápido, resolvemos os três tentar o táxi novamente. Por R$ 30 reais, em média, seria  possível chegar ao estádio. Sem hesitar, entramos no táxi e rumamos para, aquela que imaginamos ser, última parte da maratona.

Vinha do Pará o homem da camiseta do Rush. Disse que iria tentar comprar ingresso na hora, pois havia tomado à decisão de ver a banda na véspera. Aproveitou que estaria em São Paulo a trabalho para ver o show. O trajeto Anhangabaú até o Morumbi, demorou outros longos 30 minutos e serviu para uma reafirmação: São Paulo é muito maior do que se imagina.


O Estádio do Morumbi para quem o visita pela primeira vez transparece ser um colosso. Localizado em uma baixada, as bilheterias ficam localizadas em ruas íngremes nas duas laterais. Para meu azar, o lado em que ficamos não era onde deveria retirar meu ingresso. Tive de fazer todo o contorno.

Não consegui esconder a ansiedade. Havia esperado anos para ver o Rush ao vivo e mesmo assim, depois de todo o parto que fora chegar até ali, precisava colocar as mãos no ingresso e principalmente, adentrar na pista do estádio para enfim, respirar aliviado e poder aproveitar cada segundo deste que considerava o show de toda vida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que estadio lindo esse do São Paulo, não é mesmo!