9 de jan. de 2009

Fácil, extremamente fácil


Não sei por qual motivo comecei a escrever. Apenas comecei. Processo rápido, diferente de quando se usava máquinas de datilografia. Pouco as usei e provavelmente morreria de fome caso precisasse manusear uma hoje em dia. A tecnologia tem o poder de simplificar a vida. Torna-la mais fácil. Uma tomada aqui, um computador portátil ali, um ou dois cliques e uma página em branco parece implorar por conteúdo a sua frente.

Sou adepto da filosofia que diz que excesso de facilidades é prejudicial. Talvez todos esses aparatos tecnológicos devessem ter estampados em algum lugar bem visível do público consumidor: CUIDADO: facilitar sua fatigante vida em demasia lhe trará prejuízos irreversíveis em um futuro próximo. Certamente, teria mais cuidado com cada linha que fosse escrever. A propósito, essa seria a vigésima ou trigésima lauda borrada que teria jogado na lixeira.

Talvez a necessidade de não errar seja o grande chamariz daqueles tempos. Quando se escrevia a punho ou em velhas e galhardosas máquinas de escrever. De fato, preciso confessar: sou deveras saudosista. Criei certa ojeriza em escrever a mão. Sinto-me como se enclausurado em um tedioso processo de aprisionamento. Eu, um prisioneiro das facilidades promovidas da tecnologia. Alias, eu e o mundo.

O sexo. Ele mesmo, o momento mais íntimo e carnal protagonizado por dois seres, perdeu espaço para a internet. Veja só. Os enlaces afetivos de um homem e uma mulher ou não necessariamente seguindo essa ordem natural das coisas e blá, blá, passaram para um plano secundário na vida do bicho homem. E não é mentira. Prefere-se hoje em dia despender horas e mais horas navegando pela grande rede que transar. Duas semanas sem internet? De jeito nenhum. Sem sexo? Tudo bem.

Quer merda toda é essa? Uma simples mudança nos hábitos da sociedade moderna? As facilidades são tantas que é possível fazer sexo online. Quem precisa de uma conversa nessas horas, e tempo para se arrumar e se perfumar e sair a procura de lugares legais para se beber e conversar. Cenários se criam. Infelizmente, sem a maestria dos tempos em que se escrevia em pesadas máquinas de escrever.

2 comentários:

Filipe Mamede disse...

Reflexão certeira. É o tal do paradigma digital. A interpessoalidade tem se transformado em enfadonhos códigos binários. A internet é a maior contradição quanto rede de relacionamentos. Quando mais conectados uns com os outros, mais distantes estamos...

Dayse Estevam disse...

Concordo com o texto e com o comentário do Filipe...
Nós fomos jogados aos leões da tecnologia... q cuidam facilitam pra gente diversas coisas do dia-a-dia... Mas nos mantém presos... nessa teia que não tem fim...
Se um dia conseguiremos voltar a ter uma vida levada pelo encontros e desencontros naturais, só a vida dirá. Mas acho dificil!
Parabéns colega!!!