14 de abr. de 2011

Vexame em azul, preto e branco

Atuação deplorável do Grêmio na Bolívia e humilhantes 3 a 0 na conta.
Foto: Aizar Raldes / AFP / CP
Já disse em outras oportunidades que não me apetece escrever sobre futebol. O tema é deveras passional. Mexe com sentimentos que transcendem a racionalidade e faz, muitas vezes, com que o ser humano regrida e tome atitudes imbecis. Embora tenha escolhido graduar-me em jornalismo, prefiro não discorrer sobre o tema. Opção pessoal. Já arrisquei algumas observações. Aqui e ali e acolá mas, em geral, a exceção de algumas digressões sobre meu time do coração, prefiro o silêncio.

A jornada do Grêmio na noite passada na Bolívia foi desastrosa. Uma das piores atuações do tricolor em anos. O que assusta, no entanto, é que alguns erros cometidos à exaustão na partida frente o fraquíssimo Oriente Petrolero vem se repetindo ao longo do ano. A mais alarmante é a falta de finalização de média distância. O Grêmio não chuta em gol. Existem momentos no decorrer das partidas que a impressão é que há uma proibição por parte da comissão técnica: “Vocês estão proibidos de chutar em gol”. Talvez haja alguma punição para quem ousar infringir tal determinação durante as partidas. Tenho sérias suspeitas quanto a isso.

No geral, passado o baque pela goleada sofrida em Santa Cruz de La Sierra. O Grêmio é um time que não inspira confiança no seu torcedor. Chega a ser aterrorizante. Troca-se passes de um lado para outro, sem objetividade alguma.  Afunilam-se as jogadas com uma previsibilidade de dar dó. Há um camisa 9 que não faz jus ao posto de centroavante. Está sempre mal posicionado. Não sabe fazer o pivô com os jogadores que vem detrás. Erra um gol atrás do outro e pior, não sabe jogar de outra maneira. E para deixar as coisas ainda mais preocupantes, não tem um companheiro no ataque. Hoje, aposta-se todas as fichas no Olímpico em um garoto de 17 anos. Se este não der certo, acabou-se a folia. O sonho. A esperança. O argentino é esforçado, mas “pisar” em bola é demais.

Há quem tente explicar a tragédia anunciada. Transbordam justificativas para o futebol tenebroso praticado pelo Grêmio. “Não deu nada certo”, disse o presidente. “Foi uma jornada desastrosa”, declarou o dirigente de futebol. O, porém, é que o time repete as mesmas deficiências jogo após jogo. O sistema defensivo comete falhas imperdoáveis, embora sejam jogadores profissionais e recebam altos salários para dar uma resposta, no mínimo, menos vexatória. Não praticam o futebol em campos de chão batido ou somente nos fins de semana com os colegas de trabalho. Não. Estes cabeças de bagre que hoje vestem a camisa do tricolor vivem EXCLUSIVAMENTE para isso. Treinam todos os dias. Como pode, então, baterem tanta cabeça como batem? Bola na área tricolor é meio gol. Também não há definição na lateral esquerda do Grêmio. O episódio envolvendo o preferido do treinador em Caxias, duas semanas atrás, é motivo para demissão por justa causa. 

Inadmissível. 

Perder como se perdeu na Bolívia e na serra gaúcha contra o Juventude é vergonhoso. Uma piada pronta, como dizem os torcedores do rival. O pior é que estão certos os colorados. O Grêmio não se ajuda. Não tem sequência. O Grêmio não tem alternativa para os momentos de adversidade ou de pouca inspiração técnica. É dependente de um ou dois, que nem sempre jogam. Às vezes até entram em campo, mas com tanta má vontade que o time parece estar com um a menos em campo. O que assisti na noite passada me preocupou por demais. A propósito,  não pode haver torcedor do Grêmio que consiga acreditar que este time possa se sagrar TRI da América. Aliás, acho que esta conquista, se já não foi, está indo pelo ralo. Como todo respeito, mas não vou me assustar se amanhã ou depois Celso Roth não for anunciado como novo treinador.



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