O cursor pisca vagarosamente na tela em branco. De novo. É a terceira vez essa semana. Apagão. Mãos a cabeça. Concluo:
- Falta inspiração para escrever. O texto não está fluindo.
Saio. Desço os quatro lances de escada. Olho para rua em aclive. Subo, depois desço. Redenção. Caminho. Canso. Volto. Subo os quatro lances de escada. Respiro. Estou cansado. Constato, ofegante:
- Estou fora de forma.
Volto para o computador. O cursor piscando me irrita. Coloco água no fogo. Vou ao banheiro. Xixi. Descarga. Lavo as mãos. Volto para a cozinha. Preparo um café. Bebo uma generosa xícara. Pouco açúcar. O aroma talvez ajude a escrever, espero.
Penso. Uma, duas, três. Demais. O tempo passa e nada.
A tela continua em branco. Ideias. Desespero. Abro as janelas. Do quarto. Ar fresco. Da internet. Distração. Nada que ajude. As ideias continuam vagas. Passeiam com sofreguidão. Nenhuma agrada. Penso:
- Vou desistir. Quem sabe na quarta vez, tenha mais sorte com as letras.
O cursor, por fim, continua piscando, tão vagarosamente como antes. Decido. Aperto o botão. Desligo. Off. Cato um livro. Folheio. Penso. Preciso me concentrar. Leio. Cochilo. Fica pra próxima. Talvez na quarta tentativa o cursor deixe de piscar na tela em branco. Talvez.
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