As mulheres tem preferido a companhia dos felinos. Foto: Anton Roos |
As mulheres estão aprendendo a não depender mais dos homens. Boa parte delas já não quer mais se enrabichar, juntar os trapos e viver ao lado de um. Querem independência e o direito de ir e vir quando bem entenderem.
No mercadinho em que todas as manhãs compro o pão, o presunto de peito de peru e o iogurte de morango, as atendentes conversavam ao natural, como se eu não estivesse do outro lado do balcão esperando meu pedido.
- Ah, eu estou a quatro anos morando sozinha e não quero homem nenhum por perto – disse uma delas, enquanto colocava os pães na sacola.
- Quatro anos? Mas tu não sente falta? – indagou a outra.
- Não. Estou muito bem assim. Chego a hora que bem entender e não preciso dar satisfação a ninguém – desabafou a convicta solteira.
Atenta a tarefa de colocar um pão após outro na sacola, ela não se deu conta da minha presença e exclamou:
- Homem é tudo igual.
Quando percebeu era tarde. Levou as mãos à boca e de imediato, teve as bochechas tomadas pela vermelhidão.
- Desculpe – disse tentando se justificar. – Não tinha reparado no senhor – continuou a essa altura absolutamente encabulada.
Rindo e pensando somente nos pães morninhos que ela havia me servido, retruquei como se nada tivesse acontecido.
- Faça de conta que não estive aqui e que não ouvi o seu desabafo – respondi, já me dirigindo até a prateleira dos derivados de leite para pegar minha garrafinha diária de iogurte de morango, afinal, o que ela disse não foi nenhuma novidade.
O pior mesmo foi constatar que o iogurte de morango que me abastece todas as manhãs estava em falta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário