2 de fev. de 2009

Aeroporto de Barreiras: a última parte

Miami e Rio: viagem com dois dias a menos


Em 2 de setembro desse mesmo ano, 1940, é possível que Barreiras não tivesse uma banca de jornais e revistas. As únicas chances da população se manter informada com o que se passava no Brasil e no mundo era o rádio. O Aeroporto ganharia essa conotação apenas quando entrasse em funcionamento pra valer, isso, pouco tempo depois.

Nesse dia a revista americana Time publicava artigo referindo-se ao Aeroporto Internacional da Serra Bandeira, em Barreiras e suas implicações para o desenvolvimento da aviação comercial para as Américas.

Fundada em outubro de 1927, a Pan American Airways, tentava desde os idos de 1930 suprir uma de suas principais deficiências: a longa duração da viagem entre Miami e Rio. Em condições normais, atravessar os mais de 9 mil 763 km que separavam as duas cidades durava o equivalente há cinco dias, contando as paradas noturnas em Trinidad e Tobago, Belém e Recife, no litoral brasileiro. Com a finalização das obras do Aeroporto em Barreiras, uma aeronave Douglas DC-35, partindo de Belém conseguia atravessar os cerca de 2 mil 585 km até o Rio de Janeiro em apenas nove horas, diferente da velha e desgastante rota por Recife que ultrapassava os 4 mil 267 km. O problema estava solucionado.
Uma viagem antes realizada em cinco dias passou, com o advento do Aeroporto de Barreiras, a ser realizada em três. Ganhava a PAN AM, Barreiras e pouco tempo depois, os aliados no combate ao eixo liderado por Hitler.

Getúlio e os tramites da aliança com os EUA
Nas eleições presidenciais de 1930, o gaúcho de São Borja, Getúlio Dornelles Vargas, não imaginava que se tornaria um dos presidentes mais influentes do país, e que poucos anos mais tarde, seria pivô de uma das maiores transformações ocorridas no Brasil, graças as conseqüências da 2ª Guerra Mundial. Apesar de derrotado, o jovem Vargas, então com 38 anos, liderou o movimento revolucionário que tomou o poder assumiu o Palácio do Catete e em pouco, transformou-se no responsável pela implantação da justiça revolucionária, pela criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e pela promulgação das primeiras leis trabalhistas.

Em 1937, o Brasil foi acometido por um regime ditatorial comandado por Vargas. Indiferente, o presidente seguia o exemplo dos principais governantes europeus, como Adolf Hitler e Benito Mussolini, e possuía em sua base governista um numero significativo de militares cordiais aos ideais daqueles chefes de estado, a exemplo de Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército e Eurico Gaspar Dutra, ministro da Guerra.

Com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, Getúlio preferiu a neutralidade. Em meados de 1940, o Aeroporto de Barreiras deixava de ser um projeto arrojado da PAN AM e de seu administrador de operações no país, F.M Blotner, para finalmente sair do papel e a base aérea de Natal, no Rio Grande do Norte, já era considerada pelos americanos como crucial para a defesa de todo continente americano. Assediado, Vargas viu-se em uma encruzilhada. Internamente, foi pressionado pelos seus principais líderes, que pretendiam seguir o exemplo dos hermanos argentinos e havendo necessidade pender para o lado de Hitler, e no exterior, era rechaçado pelo então presidente americano Franklin Roosevelt a liberar seu território para usufruto das forças americanas.

A novela se estendeu ao longo daquele ano e meados de 1941. Enquanto isso no alto escalão do partido nazista na Alemanha, Hitler traçava planos para expandir suas vitórias. Com a costa africana sob seus domínios, o füher as escondidas do que acontecia no front de batalha na Europa arquitetava instalar-se na América do Sul, principalmente em território brasileiro. “No Brasil, se acham reunidas todas as condições para uma revolução que permitiria transformar um Estado governado e habitado por mestiços numa possessão germânica”, tachava o líder nazista.

Pela invejável posição geográfica que ostentava a neutralidade pretendida por Getúlio ficava insustentável a cada dia. Pelas ruas das principais cidades do Brasil, o assunto da vez era a necessidade do país assumir um posicionamento no conflito. O primeiro indício de uma definição do governo brasileiro perante a iminência da guerra, aconteceu em 24 de julho de 1941. Embora secretamente, Getúlio Vargas autorizava os EUA a utilizarem suas bases aéreas e navais no Norte e Nordeste do país. Sem fazer alarde, o Brasil entrava na guerra, e Barreiras a conviver com aviões e soldados americanos. As previsões de Blotner se tornavam realidade e a privilegiada pista de pouso do Aeroporto Internacional da Serra da Bandeira, em formato de “rosa dos ventos” a fazer parte da estratégia aliada no combate ao eixo.

Os acontecimentos do ano seguinte, pós bombardeamento japonês a base aérea de Pearl Harbor nos EUA, apenas consolidou o posicionamento de Vargas e a revolta popular anti-nazismo que se instaurara no país. Dezenas de embarcações brasileiras torpedeadas por submarinos nazistas ao longo das costas das Américas e um número significativo de vítimas fatais. As mulheres exigiam uma atitude e tomavam partido. Dentro em breve, o Brasil teria seu corpo de enfermeiras prontas para a guerra. Uma delas barreirense, de corpo e alma.


[ Livro relata trágico impacto da Segunda Guerra Mundial no Brasil, como os ataques dos alemães a navios brasileiros e a ação de espiões de Hitler no país
1. Interessado? Leia trecho do livro aqui. Leitura dinâmica e agradável
2. Quer comprar? Preço em torno de R$ 36 reais, Editora Objetiva ]

Um comentário:

Dayse Estevam (Itto) disse...

Comentário sem relação alguma com o post.
Peo menos por enquanto, t~em um post novo no blog explicando minha ausência da net esses dias.
Vi que tentou falar cmg ao msn, porém estava no trabalho novo.
Bom leia lá e entenda. rsrs

Beijos