Ele não é músico. Disse em entrevista a Rolling Stone Brasil ser fã de caras como Bob Dylan e Bruce Springstein. Só. Alias, não faz o tipo “pop star”. Deve mesmo estar fazendo inveja em caras como Bono Vox e Michael Jackson. Ou não. O importante é que ele hoje é o cara mais importante do mundo. Barack Obama, o 44ª Presidente dos Estados Unidos da América.
Não há ser vivo que não tenha ouvido sequer falar em Obama. Definitivamente, não há. O mundo se rendeu ao mulato, filho de pai queniano e negro e mãe branca americana do Kansas. Todos. A mídia o idolatra e as esperanças do planeta parecem todas voltadas para ele. O salvador do mundo. Não obstante, 2 milhões de pessoas assistiram in loco a posse de Obama no capitólio em Washington. E outras tantas – cerca de 37 bilhões – assistiram via televisão e internet.
Lágrimas não faltaram. Viam-se pelo tubo da televisão, brancos, negros, mulatos. Uma multidão agasalhada sob uma temperatura de 4 graus negativos, deixando a mostra pouco mais que olhos, nariz e boca. Choravam, choravam e choravam. Diferente, e muito, das groupies de conjuntos de rock ou de fãs xiitas de ídolos como Bono, líder do U2. Milhares de pessoas empoleiradas diante de telões, ou a quilômetros de distância do palanque de discurso. Sem reclamar. Pessoas desligadas de todos os problemas existentes e possíveis. Sem crise econômica. Sem desemprego. Sem raciscmo. Pura e simplesmente, depositando o que lhes resta de fé na renovação. A renovação de Barack Obama.
Esperança de uma mudança, pois assim, Obama se fez. Bradando em todos comícios de campanha ao longo de 2007 e 2008: Yes, we can. Sim, nós podemos. É o que inspira e fez com que um relé músico queniano escrevesse canção inspirada no slogan do filho mais famoso do pobre país africano. E mais, é o que motiva as pessoas a olharem para frente como se tudo não passesse de um sonho ruim e agora – e só agora, depois de 20 de janeiro – o super-herói estará lá para livrar a todos mal, amém.
Assim seja. Obama é sinônimo de carisma. A retórica é refinada e cativante. Imagino esses propensos pop stars mordendo os calcanhares ao ver o homem falar. Falar e ser ouvido. Falar e ser traduzido e ser lido. Lido e relido. Por que assim ele disse: “neste dia, nos reunimos porque escolhemos a esperança no lugar do medo, unidade de propósito no lugar de conflito e da discórdia”. Silêncio. As palmas ficam para o final. Mas não o final do primeiro de muitos discursos e/ou atos oficiais do novo grande líder mundial. Elas ficam para o final de sua história a frentes da “maior nação” do mundo.
Quando? Aguardemos. O planeta já fez de Obama “o negro”. O primeiro a liderar a toda poderosa nação americana. O que virá na seqüência? O novo queridinho do mundo dá os primeiros passos de uma trajetória que promete ser ardilosa e certamente, não fugirá daquilo por ele dito no discurso de posse: “que a cidade e o país, alarmados por um perigo comum, avancem para enfrentar”. Sorte a ele por lá, e sorte cá pelo Oeste, também aos que nos governam e intentam mudanças em prol do bem estar coletivo.
Enfim, mil vivas ao novo rei “pop”.
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Artigo publicado para a coluna "Ponto de Vista" do Jornal Classe A de Luis Eduardo Magalhães/BA, Edição nº121 de 31 de janeiro.
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