Não sou crítico de cinema, embora adore dar pitacos sobre os filmes que assisto. Mesmo que não possa ser considerado um cinéfilo de carteirinha, sou fã confesso de sessões solitárias de cinema e irredutivelmente contra a comercialização de filmes piratas. Considero a dublagem algo enfadonho e descaracterizante, tendo em vista o contexto no qual o longa-metragem está inserido. Convenhamos, não faz sentido um alemão assistir um filme como Cidade de Deus dublado. Perde-se a essência e o valor simbólico do filme.
Trivialidades a parte, o motivo deste post é outro: Wall-e. Os velhos filmes da Disney eram carregados de pomposidade e possuíam características muito mais infantis. Em contra partida, os filmes de animação da geração Shrek/Fiona, parecem seguir caminho contrário.
São recheados de ironias, e um humor tão profícuo que muitos adultos não entendem. Quem dera os pequeninos. E nesse ponto, Wall-e é perfeito. Ou quase. A historinha do robô é tão apaixonante que consegue cativar adultos e crianças sem soar taxativo ou clichê.
Transborda referências clássicas e mensagens – quase – às escondidas, na mesma proporção de uma criança querer um boneco de Wall-e ou Eva (a robozinha do filme) para brincar. Trás a tona as profecias de filmes como 2001: Uma odisséia no espaço, além de elucidar o eterno Chaplin de Tempor Modernos (1936) e Luzes da Cidade (1931).
De quebra, é possível fazer releituras de clássicos da literatura como 1984 de George Orwell e Admirável Mundo Novo de Aldeous Huxley. Nada mais aterrorizante, se pensarmos que as obras supra citadas foram escritas nas primeiras décadas do século passado e o ser humano caminha a passos largos para a concretização da necessidade de se utilizar máquinas similares a Wall-e para varrer a sujeira do planeta.
Muito mais que uma piegas historinha de amor entre dois robôs, Wall-e põe em cheque a essência do ser humano, como se perguntasse: É esse o legado que vocês querem deixar para as gerações futuras?
2001: Uma Odisséia no Espaço
O Admirável Mundo Novo de Huxley
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