20 de out. de 2008

As girafas de pescoço comprido

Charles Darwin era inglês, tomava seu chá pontualmente as cinco e não se desfazia do relógio de bolso. Despendeu anos de sua vida a viajar o mundo estudando a natureza. Ficou conhecido como pai do evolucionismo, e se tornou figura cativa na mente de qualquer moleque em idade escolar.

Quem não lembra das teorias de Darwin sobre a origem das espécies que atire a primeira pedra. As girafas de pescoço comprido que conseguiam alcançar os frutos mais altos das árvores e por essa razão se sobressaíram às pobrezinhas de pescoço mais curto. Um capricho da natureza que extinguiu as pobres girafas de menor gargalo.

Darwin chamava esse fenômeno de seleção natural ou persistência do mais apto à conservação das diferenças e das variações individuais favoráveis e à eliminação das variações nocivas. Afirmava ele que toda variação, por menos nociva que seja ao indivíduo, acarretaria forçosamente no seu desaparecimento.

A tecnologia é ainda mais cruel que a natureza. Poucos parecem ter se dado conta, mas vivemos um processo semelhante de seleção natural. As variações as quais somos impostos acontecem regularmente, muitas vezes sem que percebamos. Ou por acaso, alguém lhe perguntou se você queria uma série de cartões com códigos e dígitos para as operações mais simples do dia a dia?

A questão nos dias de hoje é se adaptar ou passar a nota de rodapé da história recente da humanidade. Não interessa tornar comum o efeito nocivo das ferramentas da internet e das novas tecnologias de modo geral, interessa que todos tenham acesso e se tornem usuários. Quem não fazer parte desse processo em breve terá seu destino ligado as girafas que não sobreviveram ante a maior capacidade das girafas de pescoço comprido.

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