10 de abr. de 2011

"Merda" vende

Imagem: culturamix.com 

A afirmação explícita no título desse post não é tão somente parte de uma simples opinião pessoal, como podem sugerir alguns. Em se tratando de gosto não há e nunca haverá unanimidade. Além do mais, embora suscite extremo mau gosto, há quem possa gostar de consumir “merda”, no sentido literal da palavra, e ai, não há o que – nem como se – contestar.

Também não é intenção apontar o dedo para o que é ou não “merda”. Consumir produtos desprovidos de qualidade não se restringe a uma minoria. De modo geral, consome-se merda a todo instante e todo momento. Há coisas ruins circulando e fazendo a cabeça das pessoas em todos os segmentos.

No âmbito da comunicação, infelizmente, as “merdas” produzidas parecem exercer um efeito de atração ainda mais impactante. Pena que esses produtos não cheiram como os dejetos marrons que expelimos após a digestão. Talvez ai o consumo destas porcarias fosse menor.

As emissoras de televisão são campeãs em ofertar “merda” para o público. Programas sensacionalistas que apelam para a exposição pública gratuita infestam a programação da tevê aberta. Os domingos são a prova cabal de como é possível fazer com que “merda” venda. Justificar o consumo pela falta de opção no zapping do controle remoto é o mesmo que pisar nos restos de um cavalo acometido por um infernal desarranjo intestinal.

Podem-se evitar estas porcarias. Existem saídas. O que falta é boa vontade. Imaginação. Interesse. O ser humano é subserviente ao que lhe é oferecido pelos meios de comunicação. E não apenas a televisão. Jornais, revistas, até a internet. Embora passemos por uma transformação aguda no processo, onde emissão e recepção se confundem e a liberdade de produzir e oferecer conteúdo para uma quantidade maior de pessoas cresce assustadoramente, ainda assim, o consumo de porcarias não diminui.

Pelo contrário.

Quanto mais gente produz, mas “merda” é consumida. Há uma agitação generalizada. Todos querem fazer parte do processo, mas poucos entendem ou tem condições para fazer algo bem feito. Uma meia dúzia dita as regras. Uma centena baixa a crista e outras milhares fazem arruaça. O que ninguém se dá conta ou finge não ligar é que embora não exista escancaradamente uma merchandising oficial, “merda” vende e continuará vendendo.

Somos felizes consumidores de “merda”, essa é a verdade.



Um comentário:

João Anschau disse...

belo texto. a merda é produzida por profissionais que estão cagando - desculpe o trocadilho - para o público em geral. falta de um tudo. a mediocridade vence de goleada faz tempo. e aí alguns especialistas afirmam categoricamente que "a falta de cultura da maioria" é o motivo para produtos tão mau cheirosos serem oferecidos. sei. transferência de responsabilidade. tá mais para incompetência e covardia somadas.