2 de abr. de 2010

Calcinha, preta e com rendinhas?

Um show para milhares em Luís Eduardo
Na primeira apresentação depois de receber o prêmio de “Melhor Música do Ano” no Domingão do Faustão da Rede Globo, consagrada banda de forró leva fãs ao delírio na capital do agronegócio
Foto: Anton Roos

A atração mais esperada nas comemorações pelo décimo aniversário de Luís Eduardo Magalhães, por pouco não se apresentou. Impossibilitado de pousar no Aeroporto de Barreiras, em decorrência das fortes chuvas que caiam na cidade mãe no final da tarde de segunda-feira, 29, a aeronave que trazia os quatro vocalistas da banda Calcinha Preta para o oeste da Bahia acabou pousando hora e meia depois, por volta de 19h e 30 min no Aeroporto Internacional de Brasília, distante 560 km do município aniversariante, também sob forte chuva.

A notícia chegou ao conhecimento da organização do evento em Luís Eduardo, e consequentemente do prefeito Humberto Santa Cruz, pouco antes do por do sol e quando as nuvens cinzentas ainda eram tão somente uma ameaça. Uma decisão precisava ser tomada rapidamente, sob pena da não realização do evento. Sentado numa das muretas da praça matriz Humberto procurava a melhor alternativa para, em tempo, realizar o show. E assim o fez. Devido a imprevisibilidade do clima na região, um novo voo foi descartado. Restava uma única alternativa: locar dois automóveis para trazer os cantores.

Era noite. A brisa que pairava na praça matriz, ainda vazia, indicava que a chuva que pouco antes impedira o pouso dos quatro protagonistas da noite, estava próxima. A timidez dos primeiros pingos d’água logo se transformaram numa pancada de chuva. O transporte dos artistas estava garantido, o show ainda não. Será que a chuva seria um empecilho para a realização do evento? A pergunta que por alguns minutos martelou na cabeça do prefeito municipal, por sorte, foi respondida com a manutenção do show. Aos poucos a chuva foi amainando e a sensação de mormaço se dissipando. Por completo.

Contagem regressiva - Às 22h, não havia qualquer indício que um grande show se realizaria no entroncamento das Ruas Paraná e Rui Barbosa. Não havia público e não havia som nos PA´s. O primeiro, ainda desconfiado com a possibilidade de a chuva voltar, e o segundo, pelo risco de estragos no equipamento de som. Ambos só deram o ar da graça meia-hora depois. O que se viu daí em diante serviu como contagem regressiva. Enquanto instrumentistas e dançarinos aguardavam no hotel, a frente do palco era tomada pelo público enquanto que a dupla local, New e Júnior tocava sucessos da música sertaneja.

A meia-noite uma pausa. Com a participação do prefeito Humberto Santa Cruz e secretários de governo, a banda que acompanha a dupla tocou uma improvisada versão de “Parabéns pra você”, seguida por parte dos presentes que a essa altura já tomavam boa parte das imediações do palco, em referência ao décimo aniversário do município comemorado dia 30. Aos parabéns se sucederam fogos de artifício. Ao show pirotécnico a continuidade do show da dupla que por duas horas aqueceu os presentes que timidamente pediam pela atração principal.

Foto: Hélio Lima

O show - Quinze minutes antes da apresentação da dupla terminar, roadies, seguranças, músicos e dançarinos da Calcinha Preta chegavam ao camarim. Restava o mais importante, os quatro cantores, que no dia anterior estavam no Rio de Janeiro onde receberam das mãos do apresentador global Fausto Silva o prêmio de “Melhor Música do Ano”, pela canção “Você não vale nada”, tema da novela Caminho das Índias da Rede Globo de Televisão. Duas da manhã. Um mar de gente aguarda pelo início do show. Cortinas fechadas. Os quatro cantores, enfim, chegam a Luís Eduardo. Falta pouco. No camarim, os cantores Marlos e Bel contam que o grupo já está a três dias praticamente sem dormir, cumprindo os compromissos da agenda. Sorridentes eles falam do prêmio e do reconhecimento. Agradecem ao prefeito pela oportunidade. O show vai começar.

Logo no primeiro ato, a canção vitoriosa põe o público estimado em 15 mil pessoas para cantar e dançar. Ao final, Bel mostra o troféu recebido no dia anterior e diz que a banda não poderia fazer o primeiro show depois da premiação em outro lugar que não numa cidade do nordeste. O público vai ao delírio. Na sequencia, a vocalista Paulinha chama para frente do palco o prefeito Humberto Santa Cruz que brevemente anuncia que a festa é do povo e feita para o povo. O show continua. O balé dos dançarinos em cima do palco é tão perfeitamente sincronizado quanto a disposição dos três casais em trocar de figurino nos camarins. O mesmo acontece com os cantores que, mesmo cansados, atendem aos fãs com fotos e autógrafos. O grupo enfileira sucessos, um após o outro, mantém o público na mão e transforma o show dos dez anos de emancipação num evento histórico para não se esquecer.

Quando as cortinas se fecham e o show termina, ainda há tempo para atender uma última fã. Aos prantos ao lado da van que levaria o grupo para seu próximo compromisso, uma menina implora por uma foto com os ídolos. A pequena fã ganha sua foto, seu autógrafo e ainda chorando segue ao lado da mãe. Já a cidade menina Luís Eduardo Magalhães, quando os galos já se preparavam para anunciar a chegada da manhã, eternizava em sua história o espetáculo que acabara de presenciar.

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Publicado na edição nº 180 do Jornal Classe A

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[Juntar trabalho com diversão, pq não? Olha eu e Paulinha, vocalista da Calcinha Preta]

3 comentários:

Evandro Carmo Thiesen disse...

Bela Matéria meu brother!

Mas fiquei na dúvida... Será que meu eterno melhor amigo e também a pessoa que me orientou aos primeiros contatos com o inestimável Heavy Metal... ficou seduzido pelo Forró do Calcinha Preta????
Grande abraço meu brother e parabéns novamente....

Anton Roos disse...

Meu bom e velho amigo, o Brasil é grande e de uma diversidade cultural tremenda. O forró faz parte dessa miscelânia, não há como negar. Já o metal é e sempre será bairrista e para poucos, além do mais o que ainda ouvimos em termos de rock pesado paira em décadas passadas. Viver e tirar proveito das oportunidades que temos, isso é importante.

Cícero Félix disse...

Você só esqueceu de contar sua história de fã, né, poetinha. Falou só dos outros e, no final... você tietando a Paulinha, hein!