22 de ago. de 2011

Entre ter cautela e confiar demais


Se me perguntassem se é possível confiar nas pessoas nos dias de hoje, eu responderia que não. Nada pessoal ou que possa ser considerado como um ato antissocial. Prefiro dizer que se trata, apenas, de cautela.  A negativa, é bom que se diga, também não dizima a possibilidade em se ter amigos e manter uma rede de relacionamentos mínima. Pelo contrário. A teia de contatos, familiares ou não, é fundamental para nos mantermos nos trilhos.

Ou, nos eixos, se preferirem.

Tal qual um contrato firmado, registrado nos autos e tudo o mais, prestar a devida confiança a quem quer que seja, padece de zelo e o máximo de resguardo possível. Atores são o que não faltam. Travestidos em pele de cordeiro e carinha de anjo, para ludibriar e, no menor descuido, trair nossa ingênua confiança. Até nas relações menos íntimas, aquelas em que se preservam os ditames da malfadada e modorrenta burocracia.

Para todas, sem exceção, esta semana vos digo:

- Não há mais como confiar nas pessoas.

Os que insistem e se arriscam a conjugar o referido verbo de peito aberto, mais dia menos dia, são engolidos pela corrente egoísta, individualista, hedonista e mais quantos “istas” houverem para encorpar o coro. O tal verbo está em desuso. Esta é a verdade. Expressivo e impactante o é, cai bem, em frases de efeito, ou em discussões de trabalho e relacionamentos amorosos, mas, acabou por se tornar um pífio verbete de reserva.  

- Confiar pra quê?, grita o bêbado debruçado nas lembranças do amor perdido no fundo do salão.

Chatas como fluem estas linhas, reservo-me, por ora, as escusas aqueles que costumeiramente me leem. O que faço, não é por mau. Escrevo desta maneira e com esse tom presumidamente pessimista, não mais que, para lhes deixar um conselho.

Simples. Despretensioso. Etílico.

Prefiram a cautela a confiar demais nas pessoas.

Repito em caixa alta:

PREFIRAM A CAUTELA A CONFIAR DEMAIS NAS PESSOAS.

Pois, confiança traída é para sempre. Sem volta. Questão de honra. De palavra. Mesmo que haja o perdão. Este, aliás, existe como se para etiquetar as pessoas: boa, mais ou menos boa, nada boa, longe de ser boa. Trata-se tão somente de uma conveniência. Palavra dita. Repito: confiança quebrada e traída é para sempre. Não tem volta.

Se uma pessoa vai a um restaurante, por exemplo, é porque existe um pingo de confiança que lá ela e sua companhia serão bem atendidas. Quando isto não acontece, é como se ocorresse uma quebra no contrato de confiabilidade entre as partes. Não há mais motivo para insistir no mesmo erro, achando que no outro dia tudo será diferente. Retornar lá e correr o risco de repetir o atendimento trôpego é como querer encontrar o marido ou esposa gozando dos prazeres mais carnais com outro (a) na noite seguinte ao flagra.

Uma vez, para bom entendedor, basta.

E mais: esse cliente pode até perdoar o estabelecimento, mas não voltará mais lá e não fará questão de indica-lo para quem quer que seja.

Retomando o dito no primeiro parágrafo. É apenas cautela. As pessoas deixaram de ser cautelosas, atirando-se no mundo de qualquer maneira. Os excessos provocaram tudo isso. Não confie, seja cauteloso. Veras que é o melhor a fazer. Um sorriso bonito, um telefonema inesperado, um monte de argumentos arquitetados com esmero, não é motivo para se retomar a confiança. Nunca. Cautela, eis a palavra de ordem.

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