Foto: Anton Roos

Então, vejamos. Conversas de botequim são sempre ricas em pautas e temas. É como se lá lhe fosse conferida uma chance de mergulhar no imaginário popular e principalmente naquilo que aflige o populacho. Há bem poucos dias, numa dessas conversas, um tema me foi proposto. Confesso ter ficado tentado a escrever sobre, embora uma avalanche de eventos de natureza particular, por hora, impediram-me de dar vida aquele tema. Garanto: esta na lista.
Via de regra, observar é verbo dos mais conjugados por qualquer articulista que se preze. Muitas vezes, as entrelinhas ou mesmo as miudezas daquilo vivo ante nossos olhos é mais que suficiente para uma coluna e posteriormente para discussão e reflexão. Valendo-se do verbo em questão, deparei-me – novamente – com uma dessas oportunidades.
Toda vez que vejo um cidadão ou cidadã folhear as páginas deste jornal – e claro, de outros periódicos da região – sinto um fio de esperança me farfalhar o espírito. Por mais inocente que pareça, é como se ali houvesse leitores e propensos mantenedores da instituição jornal em atividade. A título de curiosidade em 2005 a edição impressa do jornal The Times era comprada por cerca de 700 mil pessoas, enquanto, 3,5 milhões de leitores já se debruçavam em frente a um computador para acessar a versão on line do tablóide. No mínimo, assustador, para não adentrar – na escassez destas linhas – em vias totalmente apocalípticas e pessimistas.
Porém, outra razão me aguçava a curiosidade naquela manhã de terça-feira. Em segundos poderia ver constatado o que de fato interessa a quem se propõe a folhear um jornal impresso em Luis Eduardo. A resposta: novelas. Claro, a dedução cá exposta é passível de discussão, e principalmente, cabível de comprovação científica. Entretanto, não vejo razão para não deflagrar o aparentemente óbvio. Dentre os assuntos que mais interessam e mexem com o imaginário das pessoas estão as telenovelas. Fato.
Independente de linha editorial, peguei alguns jornais em circulação na cidade e os li. Da primeira a última palavrinha. Constatei por A mais B que a leitura integral de um jornal da região dura em média 30 minutos. Meia hora. Pouco se comparado aos jornalões das grandes cidades. Então, não ler ou priorizar a página de entretenimento de um jornal dá vazão para outros pressupostos, espinhados em “achismos” e por isso pouco convincentes. Seria preciso um estudo de caso abrangente para que se obtivesse um resultado com mais consistência. No momento, não é o caso.

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Artigo publicado para a coluna "Ponto de Vista" do Jornal Classe A de Luis Eduardo Magalhães/BA, Edição nº131 de 11 de abril
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