Me abraça, disse ela, virando o rosto para o meu e entrelaçando as pernas nas minhas. A escuridão da noite era bela. As estrelas pareciam se exibir como se soubessem da nossa presença ali, deitados, sozinhos.
Se tivesse planejado não teria sido tão especial como foi. Nos minutos que se passaram, nada parecia importar. Por um tempo ficamos deitados na areia, como dois amantes/amigos, contemplando o show que vinha dos céus, falando de constelações, galáxias e extraterrestres.
A bem da verdade, enquanto ela falava e gesticulava minha mente estava longe, talvez procurando alguma explicação. Alguma razão para tudo que acontecerá durante todo o dia.
Os minutos que passamos abraçados, deitados na areia e abençoados apenas pelo brilho das estrelas no céu pareceram infinitos. Não haviam fantasmas do passado a nos atormentar. Pessoas, quaisquer que sejam a opinar sobre nós dois. Sobre o que é certo ou errado.
Apenas nós.
Como sempre quis que fosse, mas, pelos desencontros e circunstâncias da vida, nunca foi. Até aquele momento. Tão nosso e de mais ninguém.
A respiração dela junto a minha era algo que a muito tinha vontade de sentir. Respondi ao seu pedido com o melhor abraço possível, pois no fundo, o que mais queria era que o abraço representasse o grito de quem não quer deixar escapar a quem se ama. Não de novo.
Quando dirigia pelo trajeto de volta senti seus dedos me acariciando os cabelos. Tive vontade de parar.
De gritar.
De me jogar nos braços dela e esquecer que o amanhã pode não nos oportunizar uma nova chance. Talvez ela tenha razão e a culpa de tudo aquilo tenha sido do brinde que fiz horas antes na mesa do bar.
“À vida que nos deu uma nova chance de estarmos próximos um do outro”.
Não me arrependo. O dia seguinte pode parecer o mais incerto, sem direção, rumo, ou esperança de que o abraço, as estrelas e o carinho possam se repetir, mas ainda assim, é preciso vive-lo para saber se um dia vou ouvir ela me pedir novamente: me abraça.
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