14 de mai. de 2010

Se explica, mas não se justifica

[Esquina da Rua Paraíba, próximo do Posto Columbia e Colégio Ottomar Schwengber em Luís Eduardo Magalhães, terça-feira, 11 de maio, durante a chuvarada, horário aproximado: entre 11 e 13h (Foto: Hélio Lima)]


Foi uma chuva arrasadora a de terça-feira. Acachapante, porque não. Fez, novamente, emergirem pedidos de socorro, principalmente nas regiãos mais atingidas. Casou estragos, transtornos, mas principalmente revolta. Em resumo: as duas horas de chuva serviram para indignar. No centro da cidade, praticamente todas as vias sofreram com acúmulo de água. O trânsito já complicado ficou ainda mais difícil para quem se dirigia pela Rua Paraíba em direção ao Mimoso I e II e claro, no sentido das ruas periféricas do Bairro Santa Cruz, em especial as que caprichosamente estão dispostas em declive.

A história não é nova e esse é o agravante. Os relatos dos transtornos provocados pela intensidade da chuva pipocam dos quatro cantos da cidade e assim o é sempre que nova chuvarada aflige a cidade. Homens e mulheres, trabalhadores, pais e mães de família, dotados ou não de um transporte motor, mas que diariamente acrescentam aos incontestáveis números do desenvolvimento econômico de nossa cidade.

Uma vez mais, a culpa foi atribuída ao poder público municipal, que segundo a população custa a empreender uma ação que venha a solucionar o problema causado pela chuva sempre que esta dá o ar de sua graça. E na terça-feira, ela veio de maneira tão sorrateira que não deu chances nem mesmo de uma reclusão forçada. O céu se pintou de negro como num estalar de dedos. No instante seguinte, a chuva caia, com força, sem piedade. Era hora do rush, entre 11 da manhã e 1 da tarde.

Na Rua São Francisco, a indignação por pouco não se torna um motim. Uma cidadã que prefere manter sua identidade preservada, disse-me, ao pé do ouvido, que já não aguenta mais o descaso do poder público. Em partes ela tem razão. Por outro lado, a chuva, independente da intensidade com que deságua dos céus é um evento natural. 

Enchentes, ruas enlameadas, água e barro invadindo residências são pura e simplesmente consequência da falta de uma infraestrutura mínima nestas localidades. Algo encravado nos primórdios do município, quando o número de residências era infinitamente menor do que é hoje e quando, em tese poderia ter sido feito algo para frear o inchaço imobiliário descontrolado que assistimos atualmente. Sendo assim, daqui pra diante, ou se planeja e se reformula toda uma estratégia de ação, ou, em se mantendo as esporádicas operações “tapa buraco” realizadas indistintamente aqui e acolá, a tendência é que a situação se agrave.

A título de exemplificação, nada mais que isso, do bairro Cidade Universitária, há bem pouco tempo um moradora agradeceu aos montes pelo início das obras de pavimentação no trecho da Rua Paraíba com Alfredo Insense, no Mimoso II. O discurso dela mudou da água pro vinho. Disse que a situação piorou depois que as obras tiveram início. O motivo: não houve continuidade. O que foi feito ficou pela metade, sem uma justificativa para a paralisação. Ela como muitos outros chiaram e com razão. Entre uma cuia de mate e outra ela resumiu a pendenga, principalmente pós chuvarada de terça-feira: “se explica, mas não se justifica”.  

Não demorou para a população se pronunciar, a sua maneira, claro. Leia na reportagem do Jornal Classe A: De quem, afinal é o buraco

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