31 de mar. de 2011

Ozzy é o maior

Ozzy, definitivamente, para lavar a alma

O show do homem que fundou o Black Sabbath no final da década de 1960, na noite de quarta-feira, 30, em Porto Alegre, superou todas as expectativas imagináveis.

Embora se arraste pelo palco e pule tão desengonçado quanto um marreco, Ozzy Osbourne provou o porquê de ser considerado um semi deus do estilo que abalou o mundo.

Ozzy é ingênuo, mas, ainda assim, uma figura naturalmente carismática. Um velho louco, que parece se negar a envelhecer, mesmo sendo evidente o efeito das décadas de excessos, shows, longas turnês e inúmeros escândalos no currículo.

Um maluco capaz de invariavelmente criar polêmica sem ao menos ter noção do que está se passando. O episódio com a bandeira do Grêmio, logo na primeira canção da noite, é, no mínimo, emblemático.

Um golpe de sorte arrisco dizer. De um maluco torcedor que adentrou o ginásio do rival com uma bandeira do clube da Azenha escondida na mochila e, que, motivado pelo frenesi que se iniciava a atirou no rumo do palco. Um “tiro no escuro”, como perdão do trocadilho.

O episódio da bandeira do Grêmio, flagrado pela lente
do fotógrafo Ricardo Duarte / RBS
Algo que se fosse planejado não surtiria o efeito que causou. Ozzy poderia ter ignorado o pano azul estirado no lado dos retornos. Podia. Ozzy pegou a bandeira, sem saber do que se tratava ou o que representava e a colocou sobre as costas. Um gesto sincero, de respeito com o fã que a jogou no palco. Um gesto de amor com seu público, independente de torcida.

Ozzy não precisa de torcida.

Se alguém tivesse tido a feliz, ou infeliz – vai do gosto do freguês – ideia de jogar uma bandeira do XV de Piracicaba ou com a capa de um disco das Frenéticas, Ozzy, muito provavelmente, teria tido a mesmíssima atitude e a colocado entre os ombros. E cantado, e pulado feito um marreco.

Tanto é que algumas músicas adiante no set, uma bandeira do Rio Grande do Sul foi jogada ao palco e o vovô Ozzy enrolou-se com ela como se fora sua conhecida de anos. A rejeição à bandeira colorada já na parte final do show, podem dizer os colorados mais ferrenhos, “porque o idiota que a jogou, jogou ela na cara dele”.

Pode ser. O que importa, no entanto, é que não foi por desfeita, muito menos por que Ozzy gremista e não colorado. Ozzy é maior que ambos e provou isso com um show incrível. Desfilando um clássico atrás do outro.

Só o seminal disco Paranoid (1970), teve quatro músicas revisitadas: Fairies Wear Boots, War Pigs, Rat Salad e Iron Man. E o que dizer de Mr. Crowley, Shot in the Dark, Crazy Train e Mama, I´m Coming Home, todas interpretadas com paixão, amor e vontade de fazer com que as 12 mil pessoas lotaram o Gigantinho se divertissem e voltassem para suas casas com a sensação de terem visto um grande show.

Pois eu voltei aos melhores anos de minha adolescência, quando carregava na carteira uma foto do velho madman junto da frase:

“Ozzy é o maior”.

Ontem tive plena certeza disso.



21 de mar. de 2011

Nunca chame uma mulher de abobalhada

Okay, confesso: não tinha imagem para ilustrar esse post. Gostei da caneca, da frase.
 Por fim, acho que casa com a ideia do texto, se não, paciência


Tenho uma amiga que volta e meia me pede conselhos. Quando não o faz, abre o coração e reclama de nós homens. Diz-se uma total incompreendida. Dia desses andava tão jururu, que chegou a me perguntar se ela era mulher para casar. Pergunta difícil, resposta mais ainda. Como é que você responde uma pergunta dessa sem que uma mulher se chateie. É capaz de você dizer: sim, tu és perfeita para casar, e mesmo assim, ela não gostar, achar que você está mentindo, não quer o bem dela e por ai em diante. Elas exigem que tu sejas sincero, mas no fundo, a última coisa que querem ouvir é uma resposta sincera. Vai entender.
           
Pouco depois nessa mesma conversa ela me encheu de desaforos por nunca ter apresentando um primo que tenho. Paulista, jornalista, solteiro, trinta e poucos, metrosexual, daqueles que passa mais tempo na academia que qualquer outra coisa. Como elas dizem, um Apolo.

- Isso que é homem lindo – disse ela como que tomada por um estranho feitiço. Fazendo beiço me questionou sobre porque cargas d’água eu nunca apresentava homens lindos como meu primo paulista.  Embevecido de paciência de Jó, respondi o mais claramente possível:

- Primeiro, não tenho amigos “lindos” como esse meu primo paulista para te apresentar; Segundo, porque você fica abobalhada perto de um homem bonito e que te interessa muito e, terceiro, ele mora em São Paulo, logo não tem como te apresentar pessoalmente.

Em resposta, veio uma onda furiosa. Devastadora.

- O quêêêê?

- Eu fico abobalhada?

Podia imaginar a raiva concentrada nas bochechas rosadas. O sangue lhe subindo à cabeça. Ela podia me bater se estivesse diante de mim. Aposto que tenha batido na mesa, ou quebrado um lápis, ou gritado com algum colega de trabalho. O que eu tinha acabado de dizer era uma afronta. Como eu, aquele que ela considera um amigo, conselheiro e talecoisa, podia chamá-la de “abobalhada”. Algo estava errado.

Quando me preparava para ler os maiores desaforos possíveis na tela do computador, ela mudou o tom da conversa e novamente, demonstrou estar absolutamente em frangalhos. Aturdida. Desmantelada. Quase sem chão para pisar.

- Eu nem sei pra que eu tenho namorado. Se eu fico sempre sozinha mesmo. Vou tomar sorvete sozinha, vejo filme sozinha, melhor ser solteira.

E continuou:

- Amigo, eu mal vejo meu namorado. Ele sempre arruma uma desculpa. Já me acostumei a namorar, mas ser sozinha.

Pelo tempo de convivência e amizade, sabia o que se passava com ela e logo disse:

- Você desaprendeu a ficar sozinha e tem medo de, caso terminar com ele, não achar ninguém para amar.

Ela não mais respondeu. Sumiu. Ficou offline. Deu o ar da graça somente no dia seguinte. Disse ter passado a noite em claro a pensar no que havia dito pra ela. Só fez confirmar minha teoria.

- Você está certo – escreveu.

Ela havia desaprendido a ficar sozinha e tinha medo de não encontrar ninguém caso terminasse o namoro. É uma mulher. Mulheres precisam de atenção. Dão valor para isso. Coisas as quais nós homens damos pouca ou nenhuma atenção. Um elogio, um lembrancinha por mais boba que seja, um recado desejando “bom dia e bom trabalho” as 7 e meia da manhã. Elas querem atenção. Só. Dêem mais atenção para as mulheres e verão a diferença. O porém é que muitas vezes queremos dar atenção para muitas mulheres ao mesmo tempo e aí só damos com os burros n’água.

O que ela não se deu conta é que os homens em sua maioria são trouxas e ainda mais abobalhados quando se trata de um rabo de saia. Querem todas e ao mesmo tempo. As mulheres têm um poder incrível e parece não terem se dado conta disso. Aos poucos, começam a descobrir a força que possuem.. Gradativamente. Afinal, não são elas que estão se tornando protagonistas deste século XXI. Quanto mais atenção elas receberem mais elas se tornarão grandes. Imponentes. Mulheres. Donas do mundo.