1 de mai. de 2009

Política é arte

O título desta semana é uma afirmação. O tema, embora, delicado e por vezes, enfadonho, estritamente necessário sob a ótica da harmoniosa convivência em sociedade. Todos fazem política. Indiretamente. Eu, tu, ele, nós, vós, eles. Todos. Para o francês Maurrice Barrés “política é a arte de tirar o melhor proveito possível de determinada situação”.

Quem dera fosse regra. Não é.

Para o cidadão comum, fazer política é algo que não se conjuga. Infelizmente, pouco se entende e por isso, pouco se cobra. Toda sociedade perde. O eleitorado de modo geral, parece ter dificuldade em assimilar o verdadeiro significado do dito dever cívico. Pior ainda, quando este passa batido pelos pleiteantes e eleitos a cargos públicos Brasil a fora. A propósito, não há nada mais destoante, que um vereador, prefeito, governador, presidente incapaz de compreender – e por em prática – as razões que o levaram e que o mantém no cargo que ocupam.

O interesse público em primeiro lugar. Esta deveria ser a regra e o fundamento de todo e qualquer ato político. Porém, em algumas ocasiões, a impressão que se tem é de despreparo. Como bem delata o ditado: de boas intenções o inferno está cheio. Nos tempos de presidente, Fernando Henrique Cardoso, chamou o povo brasileiro de caipira. Pegou mal. Por mais bem intencionado que o sociólogo intelectual presidente fosse, a afirmação foi um desastre. E olha que ele passava longe de ser/estar despreparado para ocupar o cargo maior da política deste país. Talvez tenha lhe faltado um pouco de cuidado com a “arte de tirar o melhor proveito” explícito no primeiro parágrafo.

Em cidades do interior, o ato de fazer política como a arte em se tirar o melhor proveito de determinada situação, parece mais evidente. Em tempos eleitorais, a gama de propensos vereadores, por exemplo, assombra pela variedade de interesses, propostas, grau de empatia com a população de determinado bairro, etc. É como se não houvesse distinções entre o ser popular e o ser político. Todos podem. Todos querem. O porém é que no Brasil o voto na maioria das vezes é conquistado de maneira subversiva aos reais ditames da democracia. O que, aliás, é lamentável.

Entretanto, valendo-se do cenário local, após quatro meses de governo, já é possível dimensionar as potencialidades de cada um dos nove vereadores de nossa cidade. Avaliar o que cada um tem a mostrar e fazer em prol do bem comum. Tal avaliação fica ainda mais cômoda, se levarmos em conta o fato das sessões estarem sendo transmitidas pela Rádio Cultura FM, em tempo real. A quem interessar, portanto, basta sintonizar a frequência da emissora e tirar suas próprias conclusões.

Com isso o trabalho da imprensa local fica mais transparente. O dito pelo não dito fica claro ao ouvinte. O mais precioso bem dos meios de comunicação ganha em pujança e apego. A informação vai à periferia. Vai ao bairro, à comunidade, ao eleitor. A frase do francês Maurice, estreita ainda mais os laços entre o político e o eleitorado. Afinal, sobram momentos em que é necessário se tirar o melhor proveito de cada situação. Exemplos não faltam. Basta um pouco de atenção, leitura e senso crítico.

Parafraseando trecho da entrevista concedida pelo presidente do TSE, Ayres Britto, à Revista Carta Capital nº 536, de 11 de março de 2009, “o político vai parar um dia e dizer: “Ou eu mudo ou não tenho futuro”. A era da informação é uma realidade. Privar-se disto, e ainda, tencionar privar os demais do pleno conhecimento do que se pretende enquanto homem público é um pouco contraditório. A opinião pública não nasce pronta, é sim, formada a partir da soma de informações das mais diversas fontes. Como dito no título, política é arte.